30 de agosto de 2010

Desequilíbrio, superficialidade ou mediocridade.



Acabei agora de ler esse livro, aproveitando mais de 36 horas de vôo em uma semana! Por isso mesmo acho que vai ser um dos meus posts mais longos.

Meu interesse pelo assunto começou no início desse mês de agosto, quando tive a oportunidade de conversar com Maurício Cunha, um dos co-autores, sobre o equívoco de se entender que os mesmos princípios deveriam ser aplicados, com o mesmo esquema de prioridade e hierarquia, indistintamente, nas mais diversas áreas da vida.

Melhor explicando, conversávamos sobre como a igreja não pode querer que o Estado atue intervindo na sociedade com base nos princípios cristãos, em detrimento de outros princípios atinentes à esfera jurídica propriamente dita; sobre como a igreja não pode querer que os artistas, ainda que cristãos, abram mão dos princípios que regulam a esfera artística da vida, em nome de algum propósito religioso e por aí em diante.

Quando uma “esfera de soberania” submete ou se sobrepõe a outra, há desequilíbrio, superficialidade ou mediocridade.

Maurício, muito atencioso, me presenteou com um exemplar desse livro, que embora seja muito denso e de linha acadêmica (o que foge das minhas preferências naturais), me foi muitíssimo útil para esclarecer e sistematizar meus pensamentos sobre esse assunto, que é tão importante para quem deseja ser protagonista de uma atuação cristã intencional competente, profunda, equilibrada e profética. (dá pra notar que não é fácil e nem simples).

Essa reflexão é muito importante para a correta aplicação da cosmovisão cristã e o seu poder transformador em uma sociedade (nossa missão!).

Destaco do livro algumas passagens, como a que percebe que há algo errado com a administração das esferas de soberania quando uma igreja passa a ter como função principal a arrecadação de fundos.

Outra parte interessante é quando o livro fala de que cabe ao Estado estabelecer as relações jurídicas, de maneira que, dentro da sua esfera, não pode ser considerado pecaminoso, ou contra o amor cristão, o ato de punição verificado na legislação.

O grande lance de saber utilizar os princípios e prioridades é entender que a soberania de uma esfera (área) consiste justamente no direito que essa esfera tem de se desenvolver de um modo próprio. Com esse entendimento, aplicamos, por exemplo, que a arte cristã deve buscar prioritariamente estética, excelência etc. É uma pena que vejamos arte cristã pobre e medíocre pela utilização de outros princípios...

Assim, fazendo uma diferenciação entre uma esfera de soberania e uma estrutura, temos que o Estado pode regular uma estrutura, uma instituição, um objeto, etc, mas nunca poderia regular as leis e princípios próprios de uma esfera. Por exemplo, a igreja não tem direito jurídico de cobrar o compromisso dos seus membros, embora possa regular a existência da estrutura institucionalizada de uma igreja.

O livro cita René Padilla dizendo que a igreja e o Estado têm diferentes esferas de autoridade, embora todas as áreas e esferas estejam sobre a soberania de Jesus Cristo.

Aliás, esse tema é todo permeado pela seguinte frase de Abraham Kuyper: “Não há um só centímetro, em todos os domínios da vida humana, sobre o qual Cristo, o Senhor de todos, não clame: ‘É meu!’”

3 comentários:

sbeginner disse...

Valeu Ivanzinho, ótima reflexão! Vou meditar sobre isso tb!
abs

"Zé" Hugo

Everton Cantalice disse...

Caro Ivanzinho, achei seu Blog depois que conheci o blog de Maurício Cunha, os quais passarei a visitar sempre que possivel, sobre este seu último texto: vcs estão muito teólogos.... vamos nos reunir e fazer um rock sobre o assunto e fica tudo mais fácil de entender.

Everton (guitarrista aposentado)

Anônimo disse...

Hey, I am checking this blog using the phone and this appears to be kind of odd. Thought you'd wish to know. This is a great write-up nevertheless, did not mess that up.

- David